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sábado, 16 de outubro de 2010

Chorado de Vila Bela da Santíssima Trindade



"Bem-te-vi bateu asa Bateu asa e voou
          Quando tu for embora
          Dá lembrança a meu amor."
 
          "Eu vou embora
          Eu não volto mais aqui
          Eu vou morar na mata
          Onde canta o juruti."







 Chorado de Vila Bela da Santíssima Trindade

Sedução era a arma das mulheres negras de Vila Bela da Santíssima Trindade para tirar o jugo de seus maridos, pais, irmãos ou parentes.
Dançando com muita sensualidade ao ritmo musical que ficou conhecido por Chorado, elas conseguiam que os senhores das senzalas e seus capitães-do-mato amenizassem os castigos impostos aos negros que fugiam ou desagradavam seus donos colonizadores brancos.
“Chorado” é o significado mais exato que essa dança poderia receber. Afinal, o gingado das negras era uma mistura de lágrimas e dor escondidas sobre o frenesi do ritmo, a evolução das ancas, o arfar dos seios e a melodia coletiva em dialetos africanos.
Os gajos se desmanchavam vendo as mulheres evoluírem no salão equilibrando garrafas de Kanjinjin na cabeça, com seus dentes extremamente brancos e os cabelos carapinha. A platéia exclusivamente branca e masculina esticava o olhar sobre os generosos decotes e devorava as coxas que propositadamente os vestidos estampados de chita deixavam à mostra. Ai Jesus! – diziam Manoel e Joaquim, que dominavam a Vila Bela e negra.
A noite não tinha fim. Embalados etilicamente pelo Kanjinjin, bebida afrodisíaca feita pelas mulheres que os enfeitiçavam dançando, os senhores dos escravos se deixavam escravizar tendo somente a lua por testemunha.
Na mesma Vila Bela enquanto os brancos se entregavam às negras, outras relações apimentavam ainda mais as noites de prazer. No silêncio do chamado sacrossanto do lar ouviam-se gemidos das brancas devolvendo aos maridos com a mesma moeda. Sem que soubessem os personagens daquele tempo miscigenavam a população na região de fronteira com a Bolívia, no Vale do Rio Guaporé.  
Com essa dança as negras de Vila Bela continuam enchendo os olhos de quem as vê, em apresentações do Grupo Chorado. A sedução é a mesma, mas a razão para a dança é outra: a tradição.



 Bjs e até a próxima!

5 comentários:

  1. Excelente relato historico,belo resgate.Abraço.

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  2. através de uma "circulada" por blogs de meus compartilhadores (seguidores) encontrei o "cantos de congo". belíssimo tudo isto aqui! o blog do cantos de congo é cativante! voltarei sempre! pela história, pela cultura e pelas imagens!

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  3. Muito lindo! Vale lembrar que Vila Bela se localiza as margens do rio Guaporé em MT!!Maravilhosa nossa cultura!!

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